24.10.06

Breve história de Ancara

Castelo de Ancara

Ancara foi inicialmente conhecida como Angora ou Engürü, devido aos famosos bodes com longo pelo e valiosa lã (mohair), uma raça única de gatos (gato angorá), e um tipo de coelhos brancos com um pelo muito apreciado (coelho angorá). No período clássico e helenístico passou a ser designada Ánkyra, e no domínio romano foi denominada Ancyra.
Actualmente, Ancara é segunda maior cidade da Turquia, e é a capital do país desde a criação da República em 1923.
Localiza-se no centro da Anatólia, na parte oriental do planalto da Anatólia, a uma altitude de 850 metros e na margem esquerda do rio Enguri Su, um afluente do rio Sakarya (Sangarius). Ocupa o centro da província com o mesmo nome, uma área onde predominam as estepes fertéis propícias ao cultivo do trigo, mas onde também existem zonas de floresta a nordeste.
A província de Ancara possui numerosos sítios arqueológicos hititas, frígios, gregos, romanos, bizantinos e otomanos. Na cidade, o sopé de uma colina escarpada e rochosa que atinge os 170 metros de altitude, é coroado pelas ruínas do castelo. No entanto, restam poucos vestígios da cidade antiga e da sua história otomana mais recente, cujas casas, típicas desta região, foram construídas maioritariamente com tijolos de barro seco ao sol e madeira. Existem, contudo, alguns vestígios bem preservados de arquitectura grega, romana e bizantina. O mais notável exemplar da ocupação romana de Ancara é o templo de Augusto e Roma (Monumentum Ancyranum), em cujas paredes estão inscritos os "Feitos do Divino Augusto" (Res Gestae Divi Augusti). Trata-se de uma narrativa redigida pelo imperador Augusto antes da sua morte, onde relata as suas conquistas.

Templo de Augusto
Templo de Augusto.

A história da região recua à civilização hatti da Idade do Bronze (2500-2000 a.C.), que foi sucedida no 2º milénio a.C. pelos Hititas, no século X a.C. pelos Frígios e depois pelos Lídios e Persas. A cidade expandiu-se e adoptou a forma da cidade de Pontus, maioritariamente conhecida pelos Gregos, que vieram para esta região e transformaram a cidade num centro de comércio de bens entre os portos do Mar Negro, Crimeia, Arménia e Georgia a norte, Assíria, Chipre, e Líbano a sul, e Pérsia a este. Nesse período a cidade adoptou o nome de Ànkyra. Consta que parte da sua população veio de Gordium, depois de um terramoto que aconteceu na antiguidade. O poderio persa chegou ao fim quando se rendeu ao rei macedónio Alexandre, O Grande. Em 333 a.C., Alexandre veio de Gordium para Ancara e ficou na cidade durante algum tempo. Depois da sua morte na Babilónia em 323 a.C., e posterior divisão do seu império pelos seus generais, Ancara caiu nas mãos de Antigonus. Em 278 a.C., Ancara foi ocupada pelos Gauleses, os primeiros a tornar Ancara capital. Nessa altura era conhecida como Ancyra. A história organizada e escrita de Ancara começa com os Gauleses.
Posteriormente a cidade foi conquistada pelos Romanos, Bizantinos, Seljúcidas e Otomanos. Estes últimos só se renderam no final da Primeira Guerra Mundial.
O domínio do Império Romano começou em 189 a.C. e transformou Ancara na capital da província romana da Galácia. Sob o poder romano, Ancara passou a ser a porta de Roma para o leste, e como estava tão desenvolvida, adquiriu o estatuto de cidade-estado ou polis. A sua importância militar e logística continuou durante o longo reinado bizantino, mesmo depois da capital ter passado a ser Constantinopla.
Embora Ancara tenha caído nas mãos de vários exércitos árabes numerosas vezes depois do seculo VI, permaneceu uma cidade importante durante o Império Bizantino e até ao final do século XI. Em 1071, o sultão seljúcida Alp Arslan, abriu a porta da Anatólia para os Túrquicos com a sua vitória em Malazgirt, na Arménia, na Batalha de Manziquerta, onde derrotou Romano IV Diógenes e contribuiu grandemente para o enfraquecimento do Império Bizantino na Ásia Menor. Em 1073, anexou Ancara ao território seljúcida, que viria a ser mais tarde o Império Otomano. O imperador bizantino Aleixo I Comneno reconquistou a cidade aos Túrquicos durante a primeira cruzada. A cidade esteve na posse dos Bizantinos até ao final do século XII, altura em que abandonou o controlo bizantino para sempre. Orhan I, o segundo bey (chefe) do Império Otomano, conquistou a cidade em 1356. Tamerlão (Timur-i-Lenk) ou Timur, O Coxo, sitiou Ancara durante a sua campanha na Anatólia, mas em 1403 Ancara estava outra vez sob controlo otomano. Perto da Primeira Guerra Mundial, a Turquia era controlada pelo sultão otomano Mehmed V, e tendo perdido a guerra, era partilhada por Gregos, Franceses, Britânicos e Italianos.
O líder dos nacionalistas turcos, Kemal Atatürk, estabeleceu o centro de operações do seu movimento de resistência em Ancara em 1919. Depois da Guerra da Independência ter sido ganha e da dissolução do Império Otomano, a Turquia foi declarada república em 29 de Outubro de 1923. Ancara substituiu Istambul (antiga Constantinopla) como a capital da nova República da Turquia em 13 de Outubro de 1923. Depois de Ancara se ter tornado a capital da recém fundada República da Turquia, a cidade foi dividida em duas regiões: a região antiga denominada Ulus (nação) e uma nova região chamada Yenişehir (cidade nova). Os antigos edifícios reflectindo a história romana, bizantina e otomana e as ruas estreitas espiraladas marcam a região antiga. A nova região, agora centrada em torno de Kızılay, tem os traços de uma cidade mais moderna: ruas largas, hotéis, teatros, centros comerciais e prédios. Os edifícios governamentais e as embaixadas localizam-se nesta nova região.

22.10.06

Descoberto selo com 7000 anos em Harran


Foi descoberto um selo datado de 4000-5000 a.C., em Harran, na província de Şanlıurfa, durante escavações arqueológicas aí realizadas. As escavações decorrem desde 1983, e os trabalhos mais recentes na área concentraram-se no tumulus de Harran e em Ulu Cami, assim como no povoado neolítico de Tellidris.
"O nosso trabalho revelou que os primeiros habitantes de Harran viveram em Tellidris, cerca de 8000 a.C.. Nas últimas escavações, encontrámos alguns selos com diferentes formas e motivos, assim como uma figura de touro datados de 6000 a.C.. Os achados mostraram que as pessoas de Harran e Tellidris viveram juntas há cerca de 9000-10000 anos, e que as pessoas em Tellidris abandonaram o local, deslocando-se para a área do tumulus de Harran, anos mais tarde. As escavações de Tellidris levadas a cabo este ano, por outro lado, revelaram um selo de datação mais antiga, de cerca de 4000 ou 5000 a.C., e acreditamos que as escavações em Tellidris irão fornecer mais achados do Neolítico nos próximos anos", disse Nurettin Yardımcı, director das escavações arqueológicas.

2.10.06

Descobertas mós manuais com 4000 anos em Kültepe


As escavações deste ano em Kültepe, na província de Kayseri, que acontecem todos os anos desde os últimos 59 anos, forneceram, entre outros elementos, um conjunto de pequenas mós manuais com 4000 anos. Foram também descobertos alguns potes cerâmicos com tampa, para armazenagem.
O arqueólogo e director da escavação, Fikri Kulakoğlu, revelou que “Na escavação deste ano, descobrimos pela primeira vez várias mós totalmente intactas no interior de casas antigas. Encontramos um conjunto de duas mós dormentes pequenas e intactas e duas mós moventes, e dois recipientes cerâmicos para armazenagem datados de 2000 a.C. É realmente muito compensador termos encontrado estas mós in situ. As pessoas fizeram a sua própria farinha e pão em casa e com estes utensílios.” O arqueólogo disse ainda que os 219 artefactos descobertos foram colocados no museu arqueológico de Kayseri.

24.9.06

Villa romana descoberta na cidade antiga de Laodicéia

Segundo Cemal Şimşek, professor associado e director do Departamento de Arqueologia da Universidade de Pamukkale e responsável pelas escavações na cidade antiga de Laodicéia, a villa está situada junto a uma via férrea na parte sul de Laodicéia.
Escavações ilegais realizadas na região há algum tempo, puseram a descoberto alguns mosaicos e, por essa razão, foram realizadas escavações nessa área. A villa que foi descoberta é datada do período romano tardio e está localizada no vale do rio Lycus.

Sobre Laodicéia...

Villa romana descoberta na cidade antiga de Laodicea

A antiga cidade de Laodicea (Laodicéia) situava-se no longo esporão de uma colina, entre os vales estreitos dos pequenos rios Asopus e Caprus que desaguavam no rio Lycus. Estava localizada a sul do rio Lycus, perto da aldeia de Eskihişar, seis quilómetros a norte de Denizli, a cerca de dez quilómetros a sul de Hierapolis (Hierápolis) e 17 quilómetros a oeste de Colossae (Colossos). Foi originalmente chamada Diospolis ("a cidade de Zeus") e depois Rhoas (Plin. v. 29).
Antiochus II Theos (261-253 a.C.) reconstruiu-a durante o século III a.C. (261-253 a.C.), provavelmente no mesmo local da villa antiga e chamou-a assim em honra da sua esposa Laodice.
Na era do Novo Testamento foi uma cidade muito grande e importante, substituindo as cidades próximas de Hierápolis e Colossos como a mais importante dessa área.
Estava localizada junto de bons cursos de água, e um aqueduto fornecia-lhe água proveniente do sul. Situava-se também junto a um cruzamento de importantes vias. A maior vinha de leste (Síria, Mesopotâmia, Arábia, Índia, China) para Laodicéia e a partir daí prosseguia para oeste até à cidade portuária de Ephesus (Éfeso), para noroeste até Philadelphia (Alaşehir), onde seguia até Smyrna (Izmir) ou continuava no sentido noroeste até Pergamus (Pérgamo). A partir de Laodicéia também se podia viajar para sudeste até Attalia (Antália), um porto no Mar Mediterrâneo.
A igreja de Laodicéia foi estabelecida na cidade nos primórdios do cristianismo e é uma das sete igrejas referidas no Livro da Revelação (Rev. 3.14-21).
A comunidade cristã de Laodicéia parece ter estado conectada com a de Colossos, apenas distante 13 quilómetros.
Laodicéia é mencionada cinco vezes na Epístola de São Paulo aos Colossenses (Novo Testamento). Tanto Laodicéia como Colossos terão sido evangelizadas possivelmente pelo discípulo de Paulo, o Colossense Epafras, que terá sido o fundador da igreja de Laodicéia.
A carta Laodiceana que Paulo terá escrito à igreja de Laodicéia, mencionada na Epístola aos Colossenses (Col. 4.16), nunca foi encontrada. No entanto, muitos estudiosos especulam que a Epístola aos Efésios foi originalmente escrita para a igreja de Laodicéia, acreditando que a Epístola aos Efésios é a carta perdida.
O Concílio de Laodicéia realizou-se nesta cidade em 364 d.C.
Foram cunhadas moedas em Laodicéia durante o reinado de Caracala (séc. III d.C.). As duas nascentes presentes no território de Laodicéia denominadas Likos e Kapros aparecem personificadas nas moedas por um lobo e um javali.
Para além da igreja, muitos edifícios monumentais foram também construídos nesta cidade: dois teatros, um estádio, um ginásio, o monumental Nypheum, o edifício do Conselho e o templo de Zeus. A cidade foi completamente destruída por um terramoto no ano 60 d.C.

23.9.06

Descobertos mais de 70 povoados em Yozgat

Arqueólogos que trabalham no povoado de Tavium, localizado em Yozgat, uma província do centro da Turquia, descobriram mais de 70 novos povoados antigos. Esta área, mais conhecida pelas descobertas de vestígios do período Calcolítico, documentadas pelos tumulus de Alişar e por artefactos da civilização hitita em Kerkenes, parece albergar muito mais vestígios arqueológicos do que se pensava. O arqueólogo austríaco, Karl Strobel, que está actualmente a dirigir as investigações e as escavações arqueológicas na cidade antiga de Tavium, disse que ele e o seu assistente identificaram os povoados até então desconhecidos, numa área extensa de Yozgat. Strobel, que tem estado a investigar esta área desde 1997, disse que as novas descobertas pertencem a vários períodos da história, incluindo Romano, Idade do Bronze, Bizantino, Hitita, Bronze Inicial, Calcolítico, Calcolítico Inicial, 1.ª Idade do Ferro, Helenístico e Otomano. Strobel disse ainda que foi entregue um relatório às entidades oficiais e que aguardam o registo desses sítios como áreas a preservar.