11.5.12

Foi descoberta língua com 2500 anos em Ziyaret Tepe II


Foram descobertas na Turquia provas da existência de uma língua antiga com cerca de 2500 anos, contemporânea do Império Assírio.
Arqueólogos que trabalham em Ziyaret Tepe, o sítio provável da antiga cidade assíria de Tushan, acreditam que essa língua pode ter sido falada por deportados originários da Cordilheira dos Zagros, na fronteira actual com o Irão e Iraque.
Em consonância com uma política largamente praticada no Império Assírio, essas pessoas podem ter sido forçadas a sair das suas terras de origem e a instalar-se no que agora corresponde ao sudeste da Turquia, onde terão construído e cultivado uma nova cidade na fronteira.
A prova material da língua que falariam vem de uma tábua de argila, preservada pelo incêndio que destruiu o palácio de Tushan algures no final do século VIII a.C. Inscrita com caracteres cuneiformes, a tábua é essencialmente uma lista de nomes de mulheres ligadas ao palácio e à administração local assíria.
John MacGinnis, do Instituto McDonald para a Investigação Arqueológica da Universidade de Cambridge, escreveu um artigo sobre esta descoberta no número de Abril do "Journal Of Near Eastern Studies", onde revela que se encontram preservados cerca de 60 nomes. "Um ou dois são assírios, e alguns podem pertencer a outras línguas conhecidas daquele período, tais como a luvita ou lúvia ou hurrita, mas a maioria pertence a uma língua desconhecida. Se a teoria de que os falantes desta língua vieram do oeste do Irão estiver correcta, então poder-se-á avançar para a possibilidade de estarmos perante o primeiro império multi-étnico. Sabemos por fontes documentais que os Assírios fizeram conquistas naquela região. Agora sabemos que existe outra língua, talvez da mesma região, e talvez existam mais evidências da sua existência à espera de serem descobertas."
Ziyaret Tepe localiza-se no rio Tigre, no sudeste da Turquia, e tem sido escavado desde 1997. Trabalhos recentes revelaram que foi o local provável da cidade fronteiriça de Tushan. Pensa-se nomeadamente que os restos de um edifício monumental descoberto em Ziyaret Tepe, é o palácio do governador, construído pelo rei assírio Assurnasirpal II (883 – 859 a.C.).
A tábua foi encontrada no que poderá ter sido a sala do trono do palácio por Dirk Wicke da Universidade de Mainz, que faz parte de uma equipa liderada pelo professor Timothy Matney da Universidade de Akron, no Ohio. Quando um incêndio destruiu o palácio, cerca do ano 700 a.C., a tábua foi cozida, e a maior parte do seu conteúdo do lado anverso foi preservado.
MacGinnis decifrou a tábua e identificou um total de 144 nomes, mas 59 permanecem por decifrar. Os nomes decifrados são não só de línguas do Império Assírio, mas também de outras línguas contemporâneas, incluindo egípcio, elamita, urarteo ou semítico ocidental. Só 15 dos nomes legíveis pertencem a línguas já conhecidas dos historiadores.
O relatório também fornece muitas teorias sobre esta língua misteriosa. Uma delas é que pode ser Shubriano – uma língua indígena falada na área da cidade de Tushan antes da chegada dos Assírios. Pelo que os historiadores sabem, essa língua nunca foi escrita. Acredita-se que tenha existido um dialecto hurrita, que é conhecido e não parece ter nenhuma semelhança com a maior parte dos nomes inscritos na tábua.
Outra teoria é que se trata da língua falada pelos Mushki – um povo que estava a migrar para o leste da Anatólia na altura em que a tábua foi produzida. Esta ideia não parece tão plausível, contudo, poderiam ter-se infiltrado no império ou terem sido capturados, mas os historiadores não possuem evidências para essa hipótese.
A teoria mais convincente é que a língua em questão pode ter sido falada por povos de qualquer ponto do Império Assírio, movidos à força pela administração do império. Essa foi uma prática corrente por parte de muitos reis assírios, especialmente depois do império se ter começado a expandir durante o século IX. "Foi uma aproximação que os ajudou a consolidar poder através da quebra de controlo da élite dominante nas áreas recém-conquistadas," disse MacGinnis. "Se as pessoas fossem deportadas para uma nova localização, estavam totalmente dependentes da administração assíria."
Embora os historiadores saibam que a Cordilheira dos Zagros se localizava numa região invadida e anexada pelos Assírios, permanece até agora como única área sob domínio assírio para a qual não existe nenhuma língua conhecida. Por esse facto, é tentador ligar o texto da tábua a essa região.
Esarhaddon, um rei assírio, referiu-se mesmo a uma língua não identificada, "Mekhraniano", que supostamente emanou de Zagros, mas na prática a região foi provavelmente um retalho de chefados e mais de um dialecto pode ter sido utilizado.
MacGinnis diz também que “a impressão imediata é que os nomes na tábua são de mulheres que pertenciam a uma comunidade isolada".
A tábua encontra-se guardada em Diyarbakır, onde se espera que um dia seja exibida ao público.

(Fonte: Universidade de Cambridge)

Foi descoberta língua com 2500 anos em Ziyaret Tepe I


Lishpisibe, Bisinume e Sasime são alguns dos exóticos nomes de mulheres encontrados numa tábua de argila gravada durante o Império Assírio, há cerca de 2500 anos, e que revelou uma língua até agora desconhecida.
"Sabemos que são nomes de mulheres porque cada um é antecedido pelo símbolo assírio cuneiforme que indica um nome feminino," explicou John MacGinnis, autor do relatório de interpretação da tábua, publicado no número de Abril do "Journal of Near Eastern Studies".
MacGinnis, do Instituto McDonald de Investigação Arqueológica da Universidade de Cambridge, relatou que a tábua foi encontrada em 2009 na estação arqueológica de Ziyaret Tepe, o sítio provável da antiga cidade assíria de Tushan, no sudeste da Turquia. Apresenta uma inscrição no assírio habitual no império, mas o seu conteúdo é uma surpresa. Contém uma lista de 60 nomes relacionados com o palácio de Tushan, residência do governador do Império Assírio no século VIII a.C. Quarenta e cinco dos nomes têm uma origem diferente de qualquer língua conhecida. MacGinnis acrescentou que pela morfologia dos nomes, é óbvio que não correspondem ao Assírio nem ao Aramaico nem a nenhuma outra língua falada no Império Assírio. Indicou ainda que a lista se refere a um grupo de mulheres oriundas de uma região afastada, e que terão sido levadas para o império, possivelmente à força, como era frequente naquela época. "Poderiam proceder da Cordilheira dos Zagros, no Irão", arriscou o professor, já que em outros documentos assírios há uma menção a um idioma chamado "mejranio", que teria sido falado naquela região, então sob domínio assírio, mas do qual não se sabe mais nada.
"Alguns dos nomes lidos são Lishpisibe, Bisinume, Sasime, Anamkuri, Alaqitapi, Rigahe," explicou MacGinnis, que reconhece não ter pistas sobre o tronco linguístico ao qual possam pertencer. "Consultei um especialista, e temos certeza de que não é uma língua persa - ramo a que pertence o Curdo, falado actualmente na região," esclareceu. Será possível, especulou, que esteja relacionada com alguma das diversas línguas faladas actualmente no Cáucaso, e que fazem parte de três troncos linguísticos completamente isolados de qualquer outro idioma. "Agora começa o trabalho dos linguistas modernos que conhecem os idiomas caucásicos e que talvez possam encontrar alguma relação," disse McGinnis.
Algumas tábuas em Assírio procedem da antiga cidade escavada na jazida, mas a descoberta em 2009 foi a única encontrada até agora no palácio, embora MacGinnis acredite que o edifício possa conter outras peças. O que não é possível saber ainda é se será possível encontrá-las, uma vez que parte da jazida ficará submersa quando estiver completa a represa de Ilısu, no rio Tigre, um projecto hidráulico que está há anos em construção, e que inundará uma vasta parte do vale fluvial. "Estamos a trabalhar contra o tempo porque nos restam apenas duas temporadas. O Governo turco disse que podemos continuar os trabalhos durante este ano e no próximo ano, mas depois já não renovarão a permissão," lamentou o professor. A construção da represa, que inundará também o famoso povoado histórico de Hasankeyf e outras jazidas, foi atrasada em parte devido aos protestos internacionais, mas MacGinnis acredita que o Governo turco está decidido a completá-la em breve, por isso quer pôr fim aos trabalhos arqueológicos na região.
A tábua está conservada no museu de Diyarbakır, capital da província turca à qual pertence Ziyaret Tepe.

(Fonte: Midia News)