18.1.07

Barragem com 3000 anos está de novo em funcionamento

Barragem com 3000 anos está de novo em funcionamento

Em Alacahöyük, uma aldeia turca com 2500 habitantes, camponeses e arqueólogos celebram uma conquista única: uma barragem com 3246 anos, que esteve enterrada na lama até 2002, está de novo em funcionamento para irrigar campos agrícolas.

Esta barragem é um legado dos Hititas, que governaram vastas áreas do Médio Oriente entre 2000 a.C. e 1000 a.C., lutaram contra o faraó style="text-align: left;">Ramsés II, entre outros, e construíram algumas das maiores cidades daquela época no coração da style="text-align: left;">Anatólia.

Desde o início do século XX que arqueólogos investigam os vestígios de uma cidade real na entrada de Alacahöyük, localizada a cerca de 160 quilómetros a Este de Ancara. A barragem, no entanto, só foi descoberta em 2002, quando uma equipa de arqueólogos da Universidade de Ancara iniciaram uma nova escavação em terrenos pantanosos, localizados a cerca de dois quilómetros da entrada da aldeia. Com o apoio do Governo e das autoridades locais, a equipa removeu 2,5 milhões de metros cúbicos de lama para recuperar a barragem, que, depois de alguns trabalhos de restauro, foi posta a funcionar.
A barragem foi construída numa colina estéril rodeada por álamos, e possui um reservatório com capacidade para 30 000 metros cúbicos de água proveniente de uma nascente subterrânea. Apresenta ainda uma piscina de purificação que torna a água potável, bem como canais de irrigação. "É a única barragem no mundo que foi restaurada e posta a funcionar de acordo com o seu objectivo original, 3240 anos após a sua construção [...]. Isto é verdadeiramente único", disse o arqueólogo Aykut Çinaroğlu, director das escavações. Explicou ainda que esta barragem foi a única que sobreviveu de entre dez outras barragens construídas pelo rei hitita Tudhaliyas IV, em 1240 a. C.. O rei ordenou a construção das barragens, depois de ter sido forçado a importar trigo do Egipto para salvar o seu povo da fome, depois da seca ter atingido as culturas da Anatólia.
A parede da barragem, de pedra e de barro natural, foi construída de forma tão perfeita que os peritos dizem fazer lembrar as técnicas actuais de construção. "A única diferença é que hoje utilizamos cimento em vez de barro, embora o barro ainda seja utilizado na construção de algumas barragens", disse a arqueóloga Duygu Çelik.

15.1.07

Descoberta de 120 Povoados no Sudeste da Anatólia

Investigadores do projecto TAY (Povoados Arqueológicos da Turquia), descobriram 120 povoados antigos em vários locais do Sudeste da Anatólia.

Alparslan Ceylan, o director do projecto, pensa que as 120 áreas de povoamento, que incluem um templo e várias fortalezas, deverão corresponder à Idade do Ferro. A inventariação de um total de 480 povoados antigos nessa região, incluindo os sítios recém descobertos, também fez parte do projecto, que está a decorrer desde o último ano e meio. Alparslan Ceylan e a sua equipa fizeram 7500 quilómetros no âmbito deste projecto, que mais uma vez provou a abundância de vestígios arqueológicos na Anatólia. "Só o facto da existência de 480 áreas de povoamento no Sudeste da Anatólia, constitui a prova maior da riqueza histórica da Anatólia", disse Alparslan Ceylan. Entre os sítios mais importantes descobertos pelo projecto TAY, está uma fortaleza da Idade do Ferro, localizada no sítio denominado Ağababa, em Tercan, na província de Erzincan, e uma fortaleza e um templo com os altares intactos, ambos localizados em Erzincan.

5.1.07

Foram Descobertas Gravuras em Göbeklitepe


Uma equipa de arqueólogos que desenvolve trabalhos de investigação no complexo funerário de Göbeklitepe, localizado na cidade de Şanlıurfa, no Sudeste da Turquia, descobriu relevos de figuras humanas, escorpiões, cobras e pássaros selvagens em monólitos do período Neolítico. O director das escavações, Klaus Schmidt, do Instituto Alemão de Arqueologia de Berlim, disse que o monumento de Göbeklitepe, com 11 000 anos, foi edificado por caçadores-recolectores. "Durante as escavações deste ano, descobrimos figuras humanas sem cabeça, o que corresponde à primeira descoberta de figuras humanas desde que os trabalhos foram iniciados há 12 anos. Estas descobertas dão-nos pistas importantes sobre o futuro das escavações". Disse também que as escavações em Göbeklitepe, revelaram uma arquitectura monumental e um avançado mundo simbólico dos grupos de caçadores que existiam antes do período de "transição para a produção". Revelou igualmente que descobriram os restos de cerca de 20 estruturas redondas ou elípticas com 30 metros de diâmetro. De acordo com Schmidt, as figuras de animais nos monólitos desenterrados este ano em Göbeklitepe, têm características diferentes. Também já tinham sido registadas anteriormente figuras similares em Çatalhöyük, mas com uma datação 2 000 anos mais recente.

27.12.06

O Reino da Lídia


O antigo reino da Lídia emergiu no início do seculo XIII a.C. como um reino “Neo-Hitita”, após o colapso do Império Hitita no século XII a.C. No entanto, foi no início do século VII a.C., após a destruição da Frígia pelos Cimérios, que a Lídia se tornou a nação mais forte a dominar o Oeste da Anatólia.
Quando adquiriu a sua maior extensão, ocupou toda a metade Oeste da Anatólia a Oeste do rio Hális (actual rio Kızılırmak), desde o mar Egeu até aos vales dos rios Hermo e Cayster (actuais rios Gediz e Büyükmenderes),com excepção das terras da Lícia.

Heródoto refere que a denominação Lídia foi herdada do primeiro rei chamado Lydos, que se acreditava descender de Átis e da deusa Frígia Cibele. Esse nome mitológico deu origem ao nome étnico Grego Lydoi e ao Hebreu Lûdîm. Na mitologia Grega, Onfale foi rainha ou princesa da Lídia, casou com Héracles, e deverão ter tido pelo menos um filho. O historiador Grego do século I a.C., Diodorus Siculus (4.31.8), e Ovídio na sua obra "Heroides" (9.54) mencionam um filho chamado Lamos. No entanto, Apolodoro (2.7.8) refere-se ao nome do filho de Héracles e Onfale como sendo Agelaus. Pausânias (2.21.3) atribui-lhe outro nome, mencionando Tyrsenus como filho de Héracles com a "mulher de Lídia". Heródoto (1.7) refere nas suas "Histórias" uma dinastia Heráclida de reis que governaram a Lídia, e que talvez não descendessem de Onfale: "os Héraclidas, descendentes de Héracles e da escrava de Iardanus". Para Heródoto, o primeiro dos Heráclidas a governar a Lídia terá sido Agron, filho de Ninus, que por sua vez seria filho de Belus, que seria filho de Agelaus, filho de Héracles. Segundo Heródoto, os "filhos de Héracles" fundaram uma dinastia que permaneceu no poder durante "505 anos, filho a suceder pai de geração em geração até ao tempo de Candaules" (de cerca de 1185 a.C. a cerca de 680 a.C.). Mais tarde, alguns historiadores ignoraram a declaração de Heródoto, dizendo que Agron foi o primeiro rei da Lídia, e incluíram Alcaeus, Belus e Ninus também na lista de reis da Lídia. Estrabão (5.2.2) considerou Átis, pai de Lydus e Tyrrhenusi, como um dos descendentes de Héracles e Onfale. Este dado oferece várias dúvidas, uma vez que todos os outros relatos colocam Átis, Lydus e Tyrrhenus como irmãos e reis da dinastia pré-Heráclida da Lídia.

As fronteiras do reino da Lídia mudaram ao longo dos séculos, sendo inicialmente limitado pelos reinos da Mísia, Cária, Frígia e Iónia. Tornou-se mais poderoso sob a Dinastia Mérmnada, que teve início cerca de 685 a.C.. No século VI a.C., durante o reinado do rei Creso, Lídia atingiu o seu maior esplendor, com as conquistas Lídias a transformarem o reinado num império, que controlava todo o Oeste da Ásia Menor, com excepção da Lícia. A partir dessa altura, Lídia nunca mais voltou às suas dimensões originais. No entanto, o império terminou quando o Rei Persa Ciro II, O Grande conquistou Sardes cerca de 546 a.C. e incorporou Lídia no Império Persa. Nessa altura, o rio Maender correspondia ao seu limite a Sul. Depois de Alexandre, O Grande, Rei da Macedónia, ter derrotado a Pérsia, Lídia passou para o controle Greco-Macedónio em 334 a.C.. A partir dessa altura os Lídios foram assimilados pelos Gregos, pela língua Grega e pela Cultura Grega. Em 133 a.C. Lídia passou a fazer parte da província Romana da Ásia. Sob o domínio de Roma, Lídia abarcou a área entre a Mísia e a Cária por um lado, e a Frígia e o Mar Egeu por outro.

A capital do reino da Lídia foi a cidade de Sardes (actual Sart, na província Turca de Manisa), localizada a Nordeste de Esmirna (Izmir), no cruzamento das principais estradas que ligavam Éfeso, Esmirna e Pérgamo às terras altas da Ásia Menor. Foi fundada estrategicamente num esporão, no sopé do Monte Tmolo (actual Monte Boz), dominando a planície central do vale Hermo, a cerca de 34 quilómetros a Sul do rio Hermo, e constituindo o limite Ocidental da Estrada Real Persa. Atingiu a sua maior prosperidade durante o reinado de Creso (560-546 a.C.), e depois da conquista Persa em 546 a.C. tornou-se a capital Oeste desse Império. Com a sua conquista por Alexandre, O Grande em 334 a.C., o seu império foi dividido em vários reinos, e Sardes passou a integrar o Império Selêucida. Depois passou a fazer parte do Império Romano, tornando-se sede de um procônsul. Em seguida foi capital da província da Lídia, após as reformas administrativas de Diocleciano e durante o Império Bizantino. A importância da cidade deveu-se ao seu poderio militar, à sua localização geográfica numa importante via que ligava o Egeu ao interior, ao vale fértil do rio Hermo, e à riqueza em ouro e prata do rio Hermo e do seu afluente Pactolo. A abundância de ouro em torno de Sardes era explicada com uma lenda: o lendário rei Midas terá sido recompensado pelo Deus Dionísio, e tudo aquilo em que tocava era transformado em ouro. No entanto, como esse poder também surtia efeito na sua comida, o rei Midas pediu para ser libertado desses poderes. Dionísio pediu-lhe então para lavar as mãos no rio Pactolo, e dessa forma o rei Midas perdeu os seus poderes, libertando ouro para o rio Pactolo. O facto de Sardes ser uma cidade muito bela e rica, especialmente no reinado de Creso, contribuiu para o surgimento de várias lendas. Sardes possuía edifícios monumentais, os mais antigos datados do século IV a.C.. O Templo de Ártemis, a Casa da Moeda, uma caldeira de fundição de ouro, fileiras de lojas comerciais, um complexo de termas e ginásio, uma grande sinagoga, para além da muralha da cidade e do cemitério real de Bin Tepe, são exemplos da monumentalidade e riqueza de Sardes. Foi igualmente um dos pólos do Cristianismo nos seus primórdios, e o local de uma das Sete Igrejas da Ásia mencionadas no Livro do Apocalipse (Ap. 3:1-6). Sardes foi destruída pelo conquistador Mongol Tamerlão O Grande (1336-1405) em 1402.

O reino da Lídia era conhecido pelos solos fertéis, pelos ricos depósitos de ouro e de prata, e pela sua magnífica capital, Sardes. Um aspecto que reveste Lídia de um papel relevante na história da humanidade, é o facto de ter sido o aí que se cunhou a primeira moeda da história das civilizações. Segundo Heródoto, os Lídios foram os primeiros a introduzir a moeda de ouro e prata, e os primeiros a estabelecer lojas permanentes de venda a retalho. O rio Hermo possuía muitos atributos, um dos quais era o alto teor de ouro e prata no seu leito, oferecendo uma liga natural denominada electrum. O electrum foi o primeiro metal a ser usado com a finalidade de cunhar moedas. A pele de carneiro era utilizada para filtrar a água do rio, com o objectivo de reter os grãos de ouro e prata. Esse processo arcaico, deu origem à lenda dos argonautas, que viajavam pelo Mediterrâneo para encontrarem o "Tosão de Ouro". Os nomes dos primeiros gravadores de moedas são desconhecidos, perderam-se no tempo, mas evidências arqueológicas confirmaram o nome do rei Aliates II da Lídia, que governou entre 619 e 560 a.C., como a primeira autoridade a emitir moedas com monograma, representando o governo de um estado. Com a introdução do uso da moeda, os Lídios operaram uma grande revolução comercial, e tiveram igualmente grande influência na Civilização Grega a partir do século VI a.C..

Em meados do seculo VI a.C., o Rei Creso, último rei da dinastia dos Mérmnadas e último rei da Lídia (560-546 a.C.), herdou do seu pai, Aliates II, um vasto império que incluía todo o Oeste da Anatólia até ao rio Hális. Conquistou depois Éfeso, incorporando no seu império as cidades gregas do litoral do mar Egeu, com as quais estabeleceu laços de amizade e alianças, para tirar benefício da próspera actividade comercial da região. O rei Creso, estabeleceu a primeira cunhagem bimetálica de moedas, desenvolvendo uma cunhagem separada de ouro e prata. O nome de Creso e Lídia passaram a ser sinónimos de riqueza. Cerca de 550 a.C., o rei Creso financiou a construção do Templo de Ártemis em Éfeso, uma das Sete Maravilhas do Mundo.

Creso verificou o poder crescente da Pérsia, e começou a pensar em formas de travar o seu poderio. Segundo Heródoto, dando crédito ao oráculo de Delfos, ofereceu um grande sacrifício, e enviou mensageiros para inquirir o oráculo se deveria investir numa guerra contra os Persas. Em 550 a.C., os avanços do rei Persa Ciro II, ameaçaram seriamente o império Lídio. Creso aliou-se à Babilónia, Esparta e Egipto, e invadiu a Capadócia (no leste da Anatólia). Depois, foi para Sardes para preparar novo ataque. Em Sardes foi sitiado por Ciro, que o fez prisioneiro. Nessa altura, quando Creso foi derrotado por Ciro, em 546 a.C., o reino da Lídia tornou-se uma província do Império Persa. Segundo algumas narrativas, depois de derrotado, Creso terá sido condenado a morrer queimado numa fogueira, mas a intervenção do Deus Apolo tê-lo-á salvo. Outras narrativas associam-no à corte de Ciro, que lhe terá delegado o governo da região Média de Bareine.

A língua Lídia foi herdeira directa da língua Hitita, embora com muitas características próprias, nomeadamente ao nível da fonética e morfologia. A ciência linguística ainda não sabe muito sobre a língua Lídia, mas será obviamente Indo-Europeia, facto patente em muitas palavras com essa origem.

10.11.06

O castelo de Ancara

Castelo de Ancara


A data exacta de construção da cidadela de Ancara é desconhecida, mas terá sido no início do século II a.C. quando os Gálatas dominavam a zona. Esteve sob influência de vários poderes ao longo dos séculos, tendo sido destruída e novamente reparada durante o período romano e bizantino. Integrou o Império Seljúcida em 1073, altura em que terá sido novamente reparada e expandida, e foi também reconstruída diversas vezes durante o Império Otomano .
As muralhas do castelo de Ancara, que outrora rodearam a cidade fortificada e circundam a colina mais alta da cidade, não são visíveis de todos os pontos. As muralhas internas têm 42 torres, e só poucos vestígios dispersos se mantêm das muralhas externas, que rodeiam a parte antiga da cidade com as suas 20 torres.
Quando o antigo território da Galácia foi incorporado no Império Romano em 25 a. C., Ancara tornou-se uma fortaleza romana de grande importância estratégica. Continuou a ser uma proeminente guarnição militar sob o domínio bizantino do Império Romano do Oriente. Localizada no percurso da Estrada Imperial, Ancara foi também de uma importância comercial primordial. Esteve na rota das invasões persas, árabes e sassânidas, e de muitas tribos que emigraram para a Anatólia. Quando Alexandre, O Grande conquistou Gordium a oeste, regressou por Ancara antes de prosseguir a sua marcha de conquista. Durante o período bizantino, o líder árabe Haroun Reshid, e nos últimos tempos do Império Otomano, o vice-rei rebelde do Egipto Mehmet Ali Paşa, fizeram esforços infrutíferos para capturar a cidade e o seu castelo. Quando o sultão turco Beyazit I perdeu a Batalha de Ancara em 1402, foi feito prisioneiro no castelo de Ancara por Tamerlão (Timur-i-Lenk) durante muitas semanas.
Existem opiniões divergentes sobre quando é que as muralhas do castelo foram originalmente construídas e a que período pertencem os vestígios das muralhas visíveis actualmente, mas a sua tipologia parece ser típica das fortificações bizantinas. Foram descobertos muitos vestígios do período pré-romano, principalmente dentro e em redor do castelo, embora as muralhas não sejam anteriores ao período romano.
Sob o domínio romano, Ancara cresceu para fora das suas muralhas, descendo o morro em direcção à planície, adoptando a tipologia de uma cidade aberta semelhante às antigas cidades-estado gregas. De imediato foram construídas mais muralhas para protecção contra Persas e Árabes. No entanto, só os nomes das portas da cidade, denominadas de acordo com as principais cidades para as quais cada estrada conduzia, nos lembram da existência dessas muralhas. Também nada resta dos edifícios do interior da cidadela, a não ser as inscrições das pedras do Templo de Zeus, o Templo de Augusto e o teatro. O ginásio, o hipódromo, a agora e outros edifícios da cidadela desapareceram. A igreja de São Clemente, mais antiga que Santa Sofia em Istambul, está completamente em ruínas. Os elementos das muralhas interiores que ainda permanecem in situ, sobreviveram aos invasores e a três grandes incêndios.
A área dentro das muralhas do castelo foi densamente povoada com casas durante o período otomano, particularmente do século XVI em diante, e hoje essa área de casas de madeira antigas e de ruas estreitas é uma área protegida.
Depois de Ancara ter sido proclamada capital da Turquia em 1923, o coração da cidade saiu deste local, e a cidade antiga dentro e em redor do castelo foi negligenciada e abandonada. Agora, esta área está a tornar-se um centro de vida social e cultural outra vez, com as casas antigas restauradas e as ruas limpas e arranjadas. O interesse histórico desta área, é engrandecido ainda mais pela presença do Museu das Civilizações da Anatólia, que atrai muitos turistas e também população local.