5.9.23

Reconstrução de rosto em crânio desenterrado na Necróple de Juliopólis


O rosto foi reconstituído com base num crânio com uma deformação misteriosa descoberto numa necrópole do século 3 d.C., no sítio arqueológico de Juliopolis, uma cidade antiga localizada na atual província de Ancara.

Trata-se do único crânio deformado datado do período romano descoberto na Anatólia. A sepultura continha restos mortais de um total de sete indivíduos, dos quais dois apresentavam estranhas marcas de deformação propositada nos crânios.

O local foi datado com base em moedas e brincos de bronze e as características morfológicas do crânio sugeriram o seu sexo e datação, com os graus de fechamento da sutura craniana indicando que terá morrido jovem, quando tinha entre 25 e 35 anos de idade.

A reconstituição foi conduzida pelo designer 3D brasileiro Cicero Moraes, em colaboração com os arqueólogos Evren Sertalp e Erge Butün, da Universidade de Hacettepe, em Ancara, na Turquia. Os resultados foram publicados num artigo no site Research Square, a 17 de agosto.

Deformação misteriosa


Os autores do estudo identificaram uma deformação no crânio da mulher de Juliópolis resultante da "aplicação de elementos mais flexíveis, como ligaduras, fitas ou tiras transversais". Essas amarras foram unidas a "outros materiais não plásticos" na parte de trás da cabeça, segundo descrevem no artigo.

Os pesquisadores apontam ainda que dois objetos duros de aproximadamente 5 cm de diâmetro foram utilizados logo acima da testa da mulher. Além disso, havia duas marcas de bandagens na sua caixa craniana.

Recriando o rosto de Juliópolis

Os autores do estudo criaram uma modelagem 3D do crânio por fotogrametria. Isto é, o fóssil foi colocado numa placa giratória e fotografado de diferentes ângulos. Um total de 113 fotografias foram tiradas, sendo que 95 foram utilizadas para o modelo.

No entanto, faltava no crânio a mandíbula e vários dentes superiores. Essas partes foram recriadas digitalmente com base numa biblioteca virtual de doadores que contém imagens de outros ossos.

Uma malha 3D de um doador virtual apropriado foi usada para substituir a mandíbula e os dentes perdidos da mulher turca. A equipa realizou a reconstrução facial utilizando o software Blender com o complemento OrtogOnBlender e o seu submódulo ForensicOnBlender.

“A projeção e a estrutura da face foram determinadas pelos dados adquiridos nas medidas do crânio”, descrevem os pesquisadores, que apresentaram os resultados em escala de cinza e em cores. “Por fim, foi criado o detalhe do rosto e do cabelo, e as imagens finais foram geradas”, acrescentam.

Com a aproximação facial do crânio, os autores pretendem aumentar ainda mais a visibilidade e o reconhecimento do fóssil. “A reconstrução facial deste crânio feminino deformado demonstrará como o povo de Juliópolis do passado pode ter sido”, afirma a equipa. “Além disso, [o estudo] mostra como completar as lacunas de uma amostra – como a mandíbula, neste caso – utilizando dados digitais apropriados, o que pode servir de exemplo para estudos futuros”, concluem.

(Fonte: Galileu)

1.9.23

Estátua romana exposta em museu nos EUA apreendida após reivindicação da Turquia

Este processo relacionado com a estátua exposta no Museu de Arte de Cleveland faz parte de uma grande investigação sobre o roubo e tráfico de peças arqueológicas da Turquia para os Estados Unidos.

A justiça norte-americana determinou a apreensão de uma enorme estátua romana de bronze e cobre, exposta num museu de Cleveland e que se acredita representar o imperador e filósofo Marco Aurélio, depois de ter sido reivindicada pela Turquia.

A apreensão foi determinada pela juíza Ruth Pickholz do Supremo Tribunal, depois de a estátua ter sido reivindicada pela Turquia, divulgou na quarta-feira um meio de comunicação local de Cleveland, no Estado de Ohio, antes de a notícia chegar esta quinta-feira aos media nacionais.

A justiça norte-americana avaliou a estátua - sem cabeça - em 20 milhões de dólares (cerca de 18,4 milhões de euros) e estima que esta tenha 1.800 anos, segundo o jornal New York Times.

O artefacto seguirá para Nova Iorque, porque é neste local que decorre a investigação sobre a rede de tráfico de antiguidades.

A Turquia reivindica a estátua há algum tempo, alegando que esta desapareceu do seu território num roubo por volta de 1960, mas o museu de Cleveland rejeitou o pedido, alegando que não foram apresentadas provas dessa acusação.

Não é a primeira vez que a Turquia identifica peças roubadas e transferidas para os Estados Unidos, tendo já reivindicado e obtido peças encontradas no Metropolitan Museum de Nova Iorque, no Museu de Arte Etrusca, Grega e Romana da Universidade Fordham ou no Museu de Arte de Worcester em Massachusetts.

Esta notícia surge num momento em que há uma crescente consciência dos direitos patrimoniais de cada país e um olhar mais crítico sobre a forma como muitas das peças saíram de países asiáticos, africanos e até do sul da Europa para irem parar a museus norte-americanos ou europeus.

(Fonte: SIC)