26.12.07

O Pai Natal nasceu e viveu na Turquia


São Nicolau nasceu e viveu na Turquia, e é a figura que serviu de inspiração ao famoso ícone do Pai Natal.

Nasceu na segunda metade do século III, na aldeia grega de Patara, no sudoeste da Lícia, actualmente localizada na província de Antália, na costa sul da Turquia. Faleceu no dia 6 de Dezembro de 343.
Existe um grande número de relatos e histórias sobre São Nicolau, sendo difícil separar os dados autênticos das abundantes lendas que foram criadas em seu redor.
É o santo padroeiro da Rússia, da Grécia, de Barranquilla (Colômbia), de Bari (Itália), de Amesterdão (Holanda) e de Beit Jala (West Bank - Palestina).
É o patrono dos marinheiros, comerciantes, arqueiros, crianças e estudantes, na Grécia, Bélgica, Bulgária, Geórgia, Rússia, Macedónia, Eslováquia, Sérvia e Montenegro.
Foi bispo de Mira, actualmente vila de Demre, na província de Antália, na Turquia. Terá tido vocação religiosa desde a infância, dedicando toda a sua vida ao cristianismo. Consta que cumpriu os jejuns canónicos das quartas-feiras e sextas-feiras, mesmo durante a infância, não se amamentando do leite materno durante esses dias. Quando os seus pais morreram, recebeu uma herança e terá abdicado dela em benefício dos pobres. Tinha reputação de oferecer prendas de forma secreta, devendo talvez a esse facto a sua identificação com o Pai Natal.
Em 1087 os seus restos mortais foram levados para Bari no sul de Itália, sendo por isso também conhecido como São Nicolau de Bari. É venerado entre os cristãos católicos e ortodoxos.
Pensa-se que as suas primeiras acções como padre ocorreram durante a perseguição aos cristãos no reinado dos imperadores Diocleciano (284-305) e Maximiano (286-305). Galério (305-311)continuou a perseguição até 311, ano em que proclamou um édito de tolerância antes de morrer. Licínio (307–324) foi mais tolerante para com os cristãos e a comunidade cristã difundiu-se e desenvolveu-se. Terá sido neste período que Nicolau se tornou o bispo de Mira. Consta que foi amado e respeitado pela sua comunidade devido às suas actividades caridosas. É-lhe atribuída a destruição de vários templos pagãos, entre eles o templo de Ártemis. Participou no primeiro Concílio Ecuménico de Niceia (actual İznik, na Turquia) em 325, onde se insurgiu contra o Arianismo.


São-lhe atribuídos diversos milagres, aparições e está envolto em inúmeras lendas, o que contribuiu muito para a sua fama e popularidade ao longo dos tempos. Entre outros atributos, é conhecido por defender os inocentes, evitando que fossem executados, e pela sua intercessão na defesa dos marinheiros e outros viajantes.
A veneração popular de Nicolau como santo, parece ter começado relativamente cedo. Justiniano I, imperador do Império Romano do Oriente de 527 a 565, construiu uma igreja em sua honra em Constantinopla, actual Istambul.
A 26 de Agosto de 1071, Romano IV, imperador do Império Romano do Oriente entre 1068 e 1071, enfentou o sultão Alp Arslan dos Turcos seljúcidas (1059-1072) na batalha de Manzikert. A batalha terminou com a derrota e captura humilhante de Romano. Como resultado, o império perdeu temporariamente o controlo de maior parte da Ásia Menor para os Turcos seljúcidas. Voltaria a ganhar o controlo da Ásia Menor durante o reinado de Alexius I Comnenus (1081–1118), mas logo no início do seu reinado, Mira foi capturada. Aproveitando-se da confusão, marinheiros de Bari, apoderaram-se dos restos mortais do santo, apesar da resistência dos monjes ortodoxos, e levaram-nos para Bari, em Apúlia (Itália), em 9 de Maio de 1087.
Existem outros relatos sobre as suas relíquias. De acordo com uma lenda local, os seus restos terão sido levados por três peregrinos para uma igreja que tem o seu nome, Nikolausberg, nos arredores da cidade de Göttingen, na Alemanha. Também existe uma lenda veneziana que relata que os seus restos foram levados para Veneza, onde lhe foi dedicada uma igreja. Também é defendido que alguns dos seus restos estão perto de Thomastown, uma cidade da Irlanda. No entanto, é certo que a maior parte dos seus ossos estão conservados em Bari, tendo sido medidos e fotografados por uma equipa de cientistas nos finais dos anos cinquenta do século XX.
Na Idade Média, São Nicolau foi venerado com celebrações em sua honra e com a construção de várias igrejas, dando nome mais tarde a aldeias que foram sendo criadas em torno dessas igrejas. Contrariamente à maior parte dos santos desse período que morreram pela fé muitas vezes de forma cruel e violenta, viveu pacificamente durante largos anos.


Actualmente, São Nicolau é ainda celebrado como grande doador de prendas em muitos países da Europa Ocidental. Há notícia de que na Idade Média, durante a noite de 6 de Dezembro, freiras depositavam secretamente cestos de comida e roupa às portas dos necessitados. Também se conta que a 6 de Dezembro, cada marinheiro ou ex-marinheiro dos Países Baixos se deslocava às vilas portuárias para participar numa missa em honra de São Nicolau. No regresso, paravam numa das muitas feiras em honra de São Nicolau para comprar produtos difíceis de encontrar noutras alturas, prendas para os seus familiares e amigos e para as crianças. Enquanto que algumas das prendas eram só oferecidas no Natal, pequenas lembranças para as crianças eram dadas de imediato para celebrar esse dia em honra de São Nicolau. Este facto e o milagre que lhe é atribuído de ressuscitar três crianças, tornou-o o santo patrono das crianças e, mais tarde, também dos estudantes.
Com a sua associação moderna ao Natal, São Nicolau também é o santo patrono do Natal, assim como dos penhoristas. Também é o patrono da Guarda Varangiana dos imperadores bizantinos, que protegeram as suas relíquias em Bari.
São Nicolau é muito venerado pelos Russos, que dizem que "Se Deus morrer, pelo menos ainda temos São Nicolau".
A representação de São Nicolau é muito frequente na iconografia ortodoxa, particularmente russa, sendo representado como um bispo ortodoxo, com barba branca. Por ser patrono dos marinheiros, ocasionalmente também é representado num barco ou a salvar um marinheiro.


Na iconografia católica, São Nicolau é representado como um bispo. O episódio do milagre das três crianças é comemorado com a representação do santo a segurar três pulseiras, três moedas ou três bolas de ouro. Dependendo do tipo de representação, como santo patrono das crianças ou dos marinheiros, as suas imagens são complementadas com um fundo que pode conter barcos, crianças ou três figuras a sairem de um barril de madeira, representando as três crianças que ressuscitou.

O aniversário da sua morte (6 de Dezembro) transformou-se na data da sua celebração, tradicionalmente comemorada, principalmente no norte da Europa, como um festival para crianças, com oferta de presentes que eram depositados nos sapatos das crianças. Esta tradição advém da sua reputação de oferecer presentes. Contudo, a história da festa de São Nicolau é complexa e reflecte conflitos entre Protestantismo e Catolicismo. Como São Nicolau é um santo canonizado, Martinho Lutero substituiu o festival que estava a ser associado com o Paganismo, por uma celebração na véspera do dia de Natal. As celebrações do dia de São Nicolau ainda se mantêm entre muitos protestantes, embora a uma escala muito menor do que no Natal. Actualmente, as crianças, principalmente as de origem alemã, ainda colocam um sapato do lado de fora da porta do seu quarto na véspera do dia de São Nicolau, esperando encontrar rebuçados, moedas e pequenas prendas no dia 6 de Dezembro. A Holanda protestante ainda mantém uma grande tradição da festa de São Nicolau. No entanto, muitos católicos adoptaram a celebração de São Nicolau na véspera de Natal.

Igreja de São Nicolau em Demre, Antália - Turquia

São Nicolau foi enterrado em Mira (actualmente Demre) após a sua morte, e terá sido construída uma igreja para albergar o seu túmulo não muito tempo depois. Essa igreja terá sofrido fortes danos provocados pelo terramoto de 529 e terá sido reparada no século VI pelo imperador Justiniano. Foi danificada pelas incursões árabes do século VII e foi reconstruída no século VIII, mantendo essa estrutura até aos dias de hoje.
Depois da sua morte, São Nicolau tornou-se o santo patrono dos marinheiros e muitos peregrinos vieram visitar a sua sepultura. A igreja sofreu outro ataque árabe em 1034 e foi restaurada em 1043 pelo imperador Constantino IX. Nessa altura foi construído um mosteiro nas redondezas. Em 1087, um grupo de mercadores italianos abriu o sarcófago do santo e roubou as suas relíquias levando-as para Bari, em Itália, onde foram colocadas na catedral.

Em meados do século XIX, a igreja de São Nicolau estava em muito más condiçöes. Foi restaurada parcialmente, em dois momentos, por duas equipas de nacionalidade russa. A torre sineira terá sido adicionada nessa altura.


A igreja de São Nicolau funciona como museu e só é utilizada para serviços religiosos uma vez por ano para a celebração do dia de São Nicolau, a 6 de Dezembro. As celebrações ecuménicas começam com a liturgia ortodoxa grega, prosseguindo com a participação de clérigos ortodoxos, católicos e protestantes. O arcebispo de Bari, onde se encontram as relíquias de São Nicolau, também é representado.
O simpósio Internacional de São Nicolau tem lugar em Demre todos os anos no princípio de Dezembro.

7.12.07

Metropolis



Foram feitas importantes descobertas, principalmente de época romana, na cidade antiga de Metropolis, localizada na vila de Torbalı, na província de Izmir, durante a campanha de escavações deste ano.
Os materiais apresentam datações entre o século XIII a.C. e o século VI d.C., e foram também descobertas dez pequenas áreas de povoamento com vestígios de estruturas.
De entre as numerosas peças encontradas, destacam-se as do período romano, nomeadamente anéis, moedas, medalhas e esculturas, o que aponta para um desenvolvimento significativo da cidade de Metropolis durante esse período.
As escavações arqueológicas na cidade antiga de Metropolis decorrem desde 1989, apesar da sua investigação ter sido iniciada em 1972. Os vestígios mais antigos de Metropolis datam da Idade do Bronze, e o seu nome advém do templo da deusa-mãe, Meter Gallesia, que foi encontrado na área da cidade.
Durante as várias campanhas foram descobertas estruturas de época romana, nomeadamente um teatro, um trilho pedestre, latrinas, dois edifícios habitacionais e termas.
As escavações do ano passado centraram-se na acrópole da cidade, construída numa colina. Várias pedras rectangulares, colunas e epitáfios recolhidos durante as escavações da acrópole, indicam que Metropolis foi o segundo povoado da Anatólia, a seguir a Bodrum, a albergar um templo de Ares, o Deus da guerra na mitologia grega.
A campanha deste ano centrou-se na área em redor da acrópole. O director da escavação diz existirem duas portas na acrópole, e que o objectivo é averiguar a relação entre ambas. Acrescentou que vários objectos foram descobertos em relação com o templo de Ares. "Templos de Ares são raros na Anatólia. Pensa-se que existe um em Bodrum, embora não exista nenhuma evidência física do mesmo. A acrópole de Metropolis alberga um templo de Ares. Em Metropolis existe uma evidência. Descobrimos vários silhares de pedra com nomes inscritos, assim como colunas e epitáfios relacionados com o templo de Ares, o que sugere a existência de um templo de Ares na acrópole. Contudo, ainda não sabemos a sua localização exacta". Acentuando a importância da existência de um templo de Ares numa cidade relativamente pequena como Metropolis, acrescentou: "O templo de Ares é um achado arqueológico raro. Ares é um Deus da guerra. Parece irónico ele ser o patrono de uma cidade pequena como Metropolis. Para Metropolis, contudo, Ares significou algo diferente. Ares era o Deus protector da cidade e não um Deus que lidera uma guerra".
Segundo o director da escavação, ainda só foi escavada uma pequena parte da cidade. "Até agora descobrimos um teatro, um trilho pedestre, um complexo de termas romanas e habitações. Encontramos ainda 40 grutas destinadas ao culto da deusa-mãe".
Na acrópole foi descoberto um selo com hieróglifos semelhante aos selos hititas. Perto de Metropolis, a cerca de 30 quilómetros no sentido sudoeste, situava-se a capital do reino de Arzawa, Apasa ou Abasa (mais tarde Éfeso), que foi conquistada pelos Hititas.















27.10.07

O Museu das Civilizações da Anatólia

Museu das Civilizações da Anatólia
O Museu das Civilizações da Anatólia (Anadolu Medeniyetleri Müzesi) está localizado na zona denominada Atpazari (o mercado dos cavalos), a sul do castelo de Ancara, e ocupa dois edifícios otomanos que foram restaurados e adaptados à nova função. Um deles é o Mahmud Paşa Bedesteni e o outro é o Kurşunlu Han.
Pensa-se que o Bedesten (parte de um mercado coberto onde eram armazenadas e vendidas as mercadorias mais valiosas), foi construído entre 1464 e 1471 por Mahmud Paşa, o grão-vizir do sultão Mehmet II, o conquistador. O edifício é composto por uma área rectangular coberta por dez cúpulas no centro e apoiado em quatro pilares. Era rodeado por 102 lojas.
O Kurşunlu Han (grande mercado), localiza-se a Este do Bedesten e terá sido construído por Mehmet Paşa, que sucedeu a Mahmud Paşa no cargo de grão-vizir no reinado do sultão Mehmet II. A sua data de construção é incerta, mas durante trabalhos de restauro realizados em 1946 foram encontradas moedas do sultão Murat II que suportam a tese de que já existia na primeira metade do século XV.
Estes dois edifícios deixaram de ter a sua função original em 1881, devido a um incêndio, e deram lugar ao Museu das Civilizações da Anatólia em 1968.
O primeiro museu de Ancara foi fundado em 1921 por Mubarek Galip Bey, director dos Assuntos Culturais, numa das torres do castelo de Ancara denominada Akkale. Albergava vários objectos recolhidos no Templo de Augustus e nas Termas Romanas de Ancara.


Entretanto, Atatürk sugeriu a criação de um museu dedicado à civilização hitita, e os objectos desse período que estavam guardados em outros museus começaram a ser enviados para Ancara. Surgiu então a necessidade de criação de um museu maior. O dr. Hamit Zübeyir Koşay, director dos Assuntos Culturais, entregou uma proposta a Saffet Arıkan, o ministro da Educação, argumentando que o Kurşunlu Han podia ser utilizado como museu após algumas alterações essenciais. Esta proposta foi aceite e os trabalhos tiveram início em 1938. Os trabalhos de restauro só foram completados em 1968. Contudo, depois do trabalho nas abóbadas centrais do Bedesten ter sido parcialmente finalizado em 1940, iniciou-se o processo de disposição dos objectos para exposição sob a direcção do prof. H.G. Guterbock. A exposição foi aberta ao público em 1943, enquanto as outras partes do museu ainda estavam em construção. O projecto de restauro desta área foi da responsabilidade do arquitecto Macit Kural, e o restauro em si foi levado a cabo pelo arquitecto Zühtü Bey. Em 1948 o museu alargou-se às quatro salas do Kurşunlu Han, cujo restauro tinha sido terminado, e o edifício em Akkale passou a funcionar como depósito. O edifício do museu adoptou o aspecto actual em 1968.
Hoje o Kurşunlu Han é utilizado como secção administrativa. Aí se localizam salas de estudo, biblioteca, uma sala de conferências e um laboratório. O Mahmud Paşa Bedesteni é utilizado como área de exposição aberta ao público.
O Museu das Civilizações da Anatólia está entre os melhores museus do mundo, tendo sido galardoado em 19 de Abril de 1997 com o título de “Museu Europeu do Ano”, entre 68 museus, um prémio atribuído pela UNESCO.



A colecção do museu encontra-se organizada por ordem cronológica, desde o Paleolítico até ao presente. São estes os períodos cronológicos da Anatólia em exibição no museu: Paleolítico, Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze Inicial, Colónias Assírias, Hititas primitivos (Hatti) e Império Hitita, Neo-Hititas, Frígios, Urartos, Lídios, e Época Clássica. Existe também uma secção onde se mostram alguns achados arqueológicos provenientes de Ancara, e uma secção dedicada à joalharia da Anatólia.

Segue-se uma selecção de fotografias, dispostas de acordo com a sequência de visionamento no museu.












































































Entrada e jardim do museu: