8.10.12

Escavações na cidade antiga de Metropolis






Foram feitas importantes descobertas, principalmente de época romana, na cidade antiga de Metropolis, localizada na vila de Torbalı, na província de Izmir, durante a campanha de escavações deste ano.

Os materiais apresentam datações entre o século XIII a.C. e o século VI d.C., e foram também descobertas dez pequenas áreas de povoamento com vestígios de estruturas.

De entre as numerosas peças encontradas, destacam-se as do período romano, nomeadamente anéis, moedas, medalhas e esculturas, o que aponta para um desenvolvimento significativo da cidade de Metropolis durante esse período.

As escavações arqueológicas na cidade antiga de Metropolis decorrem desde 1989, apesar da sua investigação ter sido iniciada em 1972. Os vestígios mais antigos de Metropolis datam da Idade do Bronze, e o seu nome advém do templo da deusa-mãe, Meter Gallesia, que foi encontrado na área da cidade.

Durante as várias campanhas foram descobertas estruturas de época romana, nomeadamente um teatro, um trilho pedestre, latrinas, dois edifícios habitacionais e termas.

As escavações do ano passado centraram-se na acrópole da cidade, construída numa colina. Várias pedras rectangulares, colunas e epitáfios recolhidos durante as escavações da acrópole, indicam que Metropolis foi o segundo povoado da Anatólia, a seguir a Bodrum, a albergar um templo de Ares, o Deus da guerra na mitologia grega.

A campanha deste ano centrou-se na área em redor da acrópole. O director da escavação, Serdar Aybek, diz existirem duas portas na acrópole, e que o objectivo é averiguar a relação entre ambas. 

Acrescentou que vários objectos foram descobertos em relação com o templo de Ares. "Templos de Ares são raros na Anatólia. Pensa-se que existe um em Bodrum, embora não exista nenhuma evidência física do mesmo. A acrópole de Metropolis alberga um templo de Ares. Em Metropolis existe uma evidência. Descobrimos vários silhares de pedra com nomes inscritos, assim como colunas e epitáfios relacionados com o templo de Ares, o que sugere a existência de um templo de Ares na acrópole. Contudo, ainda não sabemos a sua localização exacta". Acentuando a importância da existência de um templo de Ares numa cidade relativamente pequena como Metropolis, acrescentou: "o templo de Ares é um achado arqueológico raro. Ares é um Deus da guerra. Parece irónico ele ser o patrono de uma cidade pequena como Metropolis. Para Metropolis, contudo, Ares significou algo diferente. Ares era o Deus protector da cidade e não um Deus que lidera uma guerra".

Segundo o director da escavação, ainda só foi escavada uma pequena parte da cidade. "Até agora descobrimos um teatro, um trilho pedestre, um complexo de termas romanas e habitações. Encontramos ainda 40 grutas destinadas ao culto da deusa-mãe".

Na acrópole foi descoberto um selo com hieróglifos semelhante aos selos hititas. Perto de Metropolis, a cerca de 30 quilómetros no sentido sudoeste, situava-se a capital do reino de Arzawa, Apasa ou Abasa (mais tarde Éfeso), que foi conquistada pelos Hititas. Metropolis fez parte do reino helénico de Pergamo, e durante esse período atingiu grande desenvolvimento económico e cultural.

















4.10.12

Turquia quer reaver património e visitou Museu Gulbenkian

A Itália, a Grécia e o Egipto são peritos nestas campanhas, ao contrário da Turquia, que, tendo em curso um programa de pedidos de devolução de antiguidades pelo menos desde o início dos anos 1990, não costuma servir-se de jornais e televisões para pressionar os seus interlocutores. Mas, nos últimos meses, Ancara parece ter mudado de estratégia. As autoridades turcas ligadas à conservação do património estão a pedir a museus em todo o mundo que façam um exame aos seus acervos e determinem em que condições determinadas peças ali chegaram. Ao mesmo tempo, o ministro da Cultura e o director-geral do Património têm falado à imprensa, defendendo os objectivos da campanha, dando conta de vitórias pontuais e apontando a mira a algumas colecções internacionais. Garante a revista britânica The Economist que museus como o Metropolitan (Nova Iorque), o Pergamon (Berlim) e o Louvre (Paris) receberam já a visita de representantes de Ancara, alguns com exigências precisas. O diário norte-americano The New York Times (NYT) não hesita mesmo em escrever na edição do passado domingo que os directores destas instituições se sentem "sitiados" pelas exigências do Governo turco. Foi nesta lista de museus de prestígio que poderiam vir a ser objecto de pedidos de devolução que a Economist de 19 de Maio incluiu o Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O director do museu, João Castel-Branco Pereira, confirmou terça-feira que recebeu em Junho dois representantes turcos na sede da fundação, mas que não houve qualquer pedido formal de restituição de peças. "Sabiam exactamente o que procuravam, certamente porque consultaram os nossos catálogos," diz. "Traziam, inclusive, o número de inventário dos fólios que gostariam de ver. Disseram apenas que queriam estudar os documentos e consultar os seus registos." Este lote de documentos é composto por cinco fólios (folhas) soltos dos séculos XV a XVII, uns de um volume do Corão, outros de um manuscrito não-identificado, diz Jorge Rodrigues, responsável pelo acervo de arte islâmica da colecção Gulbenkian. "São todos belíssimos, com iluminuras, mas como são meramente decorativos, sem texto, não é possível determinar a que tipo de obra pertenceriam os que não são do livro sagrado," acrescenta o historiador de arte. O mais importante destes documentos terá sido a página (ou uma das páginas) de abertura de um Corão da segunda metade do século XV, com uma shamsa, "uma representação figurada do sol que teria o sentido simbólico de 'iluminar' os fiéis," explica Rodrigues, acrescentando que a inscrição que lhe está associada a dedica ao seu encomendador, provavelmente o sultão otomano Mehmed II, "O Conquistador", que reinou entre 1451 e 1481. Sem entrar em detalhes, uma fonte oficial da Embaixada da Turquia em Lisboa confirmou o pedido de informações à Gulbenkian, mas garantiu que este nada tem a ver com a campanha a que se referem os artigos da Economist e do New York Times. "A visita ao Museu Gulbenkian foi pedida por Ancara e é de rotina," acrescentou a mesma fonte. "É um procedimento normal no quadro das relações culturais entre países. Todos os países podem fazer este tipo de visitas de rotina." O director do Museu Gulbenkian autorizou o acesso à informação do inventário e, segundo Jorge Rodrigues, foram já enviadas aos representantes turcos imagens digitalizadas dos documentos em causa. "Acho muito bem que um país queira conhecer o património que tem espalhado pelo mundo," diz Castel-Branco Pereira, "mas passar daí a uma exigência será outra coisa, implica uma reflexão."

(Fonte: Público)